A ida ao cabeleireiro
do meu bairro equivale a um dia de terapia zen. Conversas banais e leves sobre todos os assuntos
enquanto nos arranjam as mãos, os pés ou o cabelo. Ler revistas cor-de-rosa, a
televisão sempre sintonizada em novelas ou em talk shows pimbas (que ninguém me
oiça senão sou banida da confraria) e quando nada disso nos atraí há sempre a
hipótese de ouvir as conversas alheias.
Conhecemos os filhos umas das outras, os
problemas de saúde, conjugais, financeiros, as profissões, as preferências,
enfim tudo. Trocamos ideias sobre as cores de vernizes ou sobre o tom dos
cabelos, nada de muito elaborado. Ali não há discussões só trocas de ideias. Não
há combinações de almoços, jantares ou saídas.
Um universo feminino de
cumplicidades que se inicia à entrada e termina à
saída. Muito zen é o que eu digo.