Devo dizer que gosto imenso de
crianças. Já dos pais das ditas não posso dizer o mesmo.
Confesso que não tenho paciência
para questões cretinas.
Então foi assim. Há uns dias fui
abordada pela mãe de uma colega da minha filha. Fiz logo o meu ar de põe-te-a-pau-comigo-porque-hoje-estou-com-instintos-canibais.
A situação foi esta, a minha petite t@lib@an, segundo a mãe, tinha chamado à
filha dentes de mula (amigos, imaginem o meu esforço para não me rir, ai que me
desmancho).
- Desculpe, qual foi o enquadramento desse nome?
- Não houve enquadramento nenhum. A sua filha chegou ao pé da minha e
ofendeu-a. E ela fartou-se de chorar.
- Vamos fazer uma coisa, elas estão a sair e então conversamos com elas
para ver o que nos dizem, está bem?
- Não está bem nada. A Senhora tem de educar melhor a sua filha. Não se
chamam nomes assim.
- Ai sim? Pois olhe eu não acredito que a minha filha tenha dito isso
sem nenhum motivo, mas, repito, vamos aguardar por elas para esclarecer isso,
certo? É porque se calhar, e se continua nesse registo vamo-nos chatear porque
eu só lhe consigo responder quando falar com a minha filha, estamos
conversadas?
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- Ó filha, a mãe da C. disse-me que lhe chamaste dentes de mula. Posso
saber porquê?
- Olha mãe, porque a C. me disse que eu tinha o cabelo que parecia uma
macaca. Eu só me defendi
- Ó C., isto é verdade, perguntou a mãe?
- É, mãe.
- Mas tu és parva ou fazes-te? Então eu falei com a mãe da J. a
chamar-lhe atenção sobre o que me tinhas contado e agora fiquei a saber que
afinal foste tu que a insultaste primeiro? E sem demoras prega-lhe uma
valente bofetada.
Não queria nem acreditar. Não
estava à espera desta reacção. Mesmo arriscando-me a ser protagonista de uma
cena canalha à porta da escola, só consegui dizer:
- Filha, vamos embora. A senhora deixe que lhe diga que é uma besta.
Isso não se faz a uma criança.