sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Comidas, chefs e afins


Em termos gastronómicos considero-me uma curiosa experimentadeira. O que quero dizer é que não sou nada esquisita no que toca a experimentar novas combinações e sabores, até me considero bastante eclética – não sei bem se esta é a palavra própria para qualificar diversidade de comezainas – não só em termos de comidas como até de restaurantes. Gosto de experimentar de tudo antes de pronunciar o gosto, não gosto ou detesto (que poderá anteceder ou não uma ida ao gregório).

 Até aqui nada de novo ou de interessante para quem me lê, por isso avancemos com a história.

 Pois muito bem, há uns tempos fui convidada para a abertura de um restaurante muito fancy, cuja principal atracção é ter como chef, um senhor muito conhecido da praça. No convite mencionava como traje obrigatório dress code glam chic. So far so good. Lá fui tirar o vestidinho de alças da naftalina, stylettos da caixa, besuntadela reforçada e ready to go.

Restaurante bonitinho, muito compostinho a fazer pandam com os dress-code-glam-chic que por lá andavam – comigo incluída, claro.

 Da ementa figuravam uma série de pratos, de entre os quais um consommé de coentros fumados (palavra de honra que sabia mesmo a fumo) e vitela grelhada com puré de abóbora, espargos, redução de vinho do Porto e espuma de qualquer coisa. Era mesmo aqui que eu queria chegar. Os pratos anteriores eram comestíveis, com apresentação e paladar aceitáveis. Agora quando veio a vitela, meus amigos, eu que não sou nadas desses fricotes até me subiu a náusea às orelhas. Aquilo era um pavor. Um prato compostinho enfeitado com uma valente cuspidela (era a isso que se assemelhava a espuma) do chef.

Com este pensamento em mente, muito humildemente pedi ao chefe da mesa que levasse o prato de volta para ser retirada a espuma. Veio o chef muito irritado saber os motivos. De início ainda tentei ser educada, inventando um motivo inócuo, para acalmar o mecatrefe, mas como o homem já me estava a chatear levou com um – desculpe mas eu não gosto de comer comida com aspecto de ter sido previamente cuspida.

 Pois é, eu tenho destas coisas, especialmente quando sou provocada. O Senhor Chef virou-me as costas, todo ofendido e foi à vida dele. Passados uns minutos lá veio a minha vitela, sem a cuspidela, mas com o puré e espargos ao molho, próprios para a azeiteira que iria comer, obviamente.
 
Enfim, acho mesmo que tenho de me deixar destas coisas, eu sou mesmo boa é para ir ao tasco, ali para os lados da Bobadela, onde servem um bacalhau divinal, mas que o cozinheiro tem as unhas pretas como se estivesse estado a cavar terra com as mãos e o dono, que serve às mesas, para além de só lavar o avental uma vez de dois em dois anos, pousa o jarro de vinho na mesa com tal cuidado que entorna sempre um grande bocado, e afirma, rindo-se, vinho entornado é ano abençoado, carai!!
 
És cá dos meus.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Ora cá estou eu de volta


Os últimos meses do ano passado não foram famosos, de todo. Daí a minha ausência.

O blogue não me andava a parecer muito coerente (tal como o meu estado de espírito, aliás) primeiro servia para isto, depois para aquilo e por último para nada.

A minha “pimentísse” natural deu lugar à intolerância, quase agressiva. Estava uma autentica borderline. De maneiras que entrei em modo de auto-controlo.  Comecei, camada por camada, a retirar todo a merda que fazia parte do meu dia a dia. Ainda não foi toda, claro, mas a maior já foi ao ar.

 Por isso vou regressar à convicção inicial de não discutir nem política nem religião. Se bem que me irei permitir alguns desabafos contra este governo de palhaços (calma, muita calma, respira fundo e conta até 100.000.000), contem com isso.

Então vamos lá, família bem, saúde bem, emprego bem (até ver), em resumo, sou uma felizarda com um rácio de 3-0, a favor da casa.

Os meus geriátricos continuam os alucinados de sempre, mas sãos e rijos que nem peros, se bem que mais disciplinadinhos porque aqui a amiga teve de dar umas formações intensivas à rapaziada. Afinadinhos, portanto.

Os de casa idem aspas. Os do emprego estão melhores, obrigadinho. Só para não me ouvirem rosnar, claro. Até a minha Barbie me parece menos bacoca.

Foi bom entrar o ano assim, com tudo na ordem e devidamente compartimentado. Vamos lá ver quanto tempo se mantêm assim, eles e eu.
 
 
 
Foto retirada da net.