terça-feira, 29 de novembro de 2011

Crónicas no autocarro



Reconheço a utilidade do telemóvel. Acho mesmo que já atingimos o ponto do não retorno quanto à necessidade de utilização. A nossa vida não seria a mesma sem essa caixinha barulhenta que nos coloca em contacto com quem necessitamos (assim tenha saldo e bateria).

É uma facilidade bestial especialmente quando necessitamos mesmo de falar com alguém, naquele instante. Que o digam as pessoas que ficam “empanadas” em qualquer estrada do nosso País, sem outra forma de comunicação.

Estão reconhecidas as virtudes do instrumento!!!!

Agora os defeitos são de igual intensidade. São os toques mais ou menos estridentes, especialmente em sítios em que tudo é audível; as conversas, senhores, as conversas … como se estivessem na privacidade do lar, o falar sozinho na rua, quais maluquinhos à porta do Júlio.

Na minha humilde opinião há uma grande falta de sensatez na utilização do telemóvel, como ilustra a história que a seguir relato.

Na sexta-feira passada, como é habitual, no final do dia lá fui eu de autocarro até à escola da filhota. Entrei e sentei-me (tive sorte, porque não ia muito cheio). Comecei então a ouvir uma conversa, num tom demasiado elevado para o meu gosto. Se calhar ouve mal, pensei eu, enquanto me preparava para colocar os auscultadores do mp4. Mas, houve ali qualquer coisa que despertou a minha curiosidade. Resolvi, disfarçadamente ouvir a conversa. Então em resumo, a senhora estava a falar com o marido sobre a aquisição de um plasma para a sua sala de estar (nada de anormal, portanto). Toda a gente tem um e nós não somos menos que os outros, dizia. Com uns duzentos e tal, vá lá, trezentos euros, compra-se um e ficamos todos satisfeitos. O Manel (filho, suponho) já pode convidar os amigos para jogar e tudo. Não, não, filho, vamos tratar disso este fim de semana. Olha lá, não contes nada a ninguém, nem aos teus colegas e nem ao Chico e nem à tua mãe, porque ninguém precisa de saber da nossa vida, ouviste? Bem, vê lá.

Ora bem. Aqui está uma conversa que valeu bem a pena ouvir, não pelo seu conteúdo, obviamente, mas tão somente pelo final, Ninguém precisa de saber da nossa vida. Parece-me ser uma afirmação bastante lógica, tendo em conta que se estava num autocarro.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Lavar pratos e o início dos textos da Pimentinha








Hoje assisti a uma troca de palavras engraçada, no meu local de trabalho.
Uma técnica de não sei bem do quê estava literalmente à pega com a senhora da limpeza por causa da lavagem de uns pratos que teimavam em não se lavar sozinhos, e jaziam no lava loiças da copa há uns dias. Teimosos estes pratos…

Foi engraçado. Por um lado a senhora da limpeza a dizer que não lavava pratos a não ser que fossem do Director do departamento, e que tinha ordens muito especificas quando ao assunto. Se querem fazer festas de anos, dizia, usem pratos de plástico ou lavem-nos as senhoras que isso, eu, não faço, era o que mais faltava. Por outro a técnica muito indignada, retorquia, porque uma licenciada não lava os pratos, era o que mais faltava, que mais ninguém faz o trabalho dela e que lavar pratos era função de profissionais da limpeza. E finalizou, não quer que limpe também a casa de banho, não?

Esta era a minha deixa para bater em retirada, não fosse ter sido apanhada na curva com um: Ó colega o que acha disto, estamos a inverter as funções, não tarda nada estamos a limpar as sanitas e as da limpeza a analisar processos, olha olha.
Ficaram as duas a olhar para mim à espera de uma reacção.Estou quilhada, pensei eu, seja qual for a resposta vou-me enterrar, seja de um lado ou do outro.
Para variar, e como sou bruta como as casas de pedra, especialmente em questões de alto grau de estupidez, e fazendo jus ao meu nickname de que sempre fui apelidada – pimentinha -, saiu assim:
- Minhas Senhoras, lamento imenso mas hoje já me levaram uma parte do meu subsídio de Natal o que me deixou bastante mal disposta. Agora vêm-me com questões de merda… não, não. Sabem que mais, para mim só para não ter de as ouvir apetece-me deitar os pratos todos para o lixo. Não estou com paciência. E vocês não têm mais nada que fazer, não?

Ahh, nada mal!!! Sou excelente a fazer amiguinhas … para a vida!!!!