quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Da morte e outras perdas


Quando não consigo assimilar determinado assunto ou situação costumo escrever sobre isso.

É um “truque” que utilizo desde sempre, quando me sinto à beira de-não-saber-para-onde-me-virar ou o que fazer.

 Verbalizar, ou no meu caso escrever sobre o que sinto ou esquematizar os problemas que tenho de resolver é o meu escape para não entrar em estados depressivos. Escrevo, leio várias vezes e apago (ou não quando necessito deles para memória futura).

Mas o assunto que hoje vou partilhar convosco é um estado de espírito que me afecta há muitos anos, mas não só a mim, motivo pelo qual aqui está espelhado.

A Morte

A morte faz parte das nossas vidas, todos dizem. Temos de aceitar, fazer o luto, rezar (para mim não é opção uma vez que não sou católica) aceitar e aceitar e aceitar.

Pois é, mas eu não consigo. Para mim a morte, especialmente dos que me são próximos, é uma perda irreparável que leva meses e até anos a ser digerida, com altos e baixos, com mais ou menos desespero.

Não consigo aceitar. Nada em mim consegue aceitar a perda.

Como é óbvio esta minha incapacidade advém do facto de muito cedo ter sido confrontada com a morte. Os meus pais faleceram num acidente de viação quando eu era jovem. Em virtude dessa tragédia, os meus avós encarregaram-se (coitados, que outra coisa poderiam fazer?) que nunca fizesse o luto. Não podia ficar triste nem sentir saudades, então devia viajar, sair daqui, fugir de tudo o que me trouxesse à memória o acidente. Resultado, sem luto não há apaziguamento da dor nem esquecimento.

A dor da perda tornou-se assim como que mais um órgão acessório que me acompanha deste sempre. E como o equilíbrio é frágil, todas as perdas que tenho sofrido são sentidas de maneira demasiado intensa.

Ainda fiz terapia durante uns tempos, mas, para ser sincera, de nada adiantou.

O que me deixa seriamente preocupada é que começo a entrar numa idade em que já começo a ser confrontada com essas perdas, os tios velhotes, os pais dos amigos e até mesmo alguns amigos que prematuramente nos deixaram.

Tenho mesmo de resolver esta questão