
Comungam
dos mesmos gostos e não se coíbem de concretizá-los, quando é viável,
evidentemente.
São
pessoas carinhosas, abertas e livres, como todas as pessoas “sem âncoras” são.
O mundo é deles e eles aproveitam ao máximo.
Apesar
disso, não deixam de ser tolerantes com crianças, e até mesmo com os garotos
mais rezingas. São presença obrigatória em todas as festas de aniversário dos
piriris da família e amigos.
Os
pais já desistiram do massacre, mas apesar disso continuam a manifestar o
desgosto de não terem netos, porque assim e porque assado.
Este
fim-de-semana falou-se neles e foi objecto de discussão acalorada lá por casa,
em família. Uma facção dizia que um casal sem filhos é um “deserto”, que é uma
vida em comum sem objectivo e sem sentido, e a outra (onde me incluía) defendia
que essa é uma decisão do casal e que a opção de não ter filhos não deve ser sequer
questionado.
Foi,
obviamente, uma discussão estéril, sem conclusões.
À
laia de reflexão, porque carga de água todos temos de ser pais? Porque é que se
um casal não quer procriar é logo apelidado de egoísta, fútil e irresponsável. Pelos
vistos é uma opção não aceite pela maioria das pessoas. Já todos ouvimos
comentários do género, bom se não têm filhos é porque não devem conseguir
engravidar, ou então, se não conseguem deveriam adoptar. Nenhum dos comentários
admite a hipótese de tão somente não se querer engravidar, sim, porque isso é
absolutamente impensável.
Ainda
outras questões se levantam, como p.e. o facto de na velhice se ficar sozinho,
não ter ninguém que olhe por eles, ou ainda comentários do género: se tivessem tido um filho, agora não
estariam nessa solidão, teriam quem cuidasse de vós, como isso fosse uma
garantia absoluta. Aliás é só ver as urgências dos hospitais para aferir a
relatividade dessa garantia.
Por
isso priminhos, um brinde a vocês, à vossa felicidade e à liberdade de escolha. Que se mantenham assim
por muitos anos.