Há uns dias, num qualquer canal
de televisão, chamou-me a atenção o tema de debate.
Esse tema era o envelhecimento
das populações, o isolamento, a pobreza e o abandono por parte de familiares.
Este tema é-me muito caro, uma
vez que já não tenho os meus pais e custa-me bastante assimilar filhos que
abandonam os pais. Isto, atenção, de uma forma muito directa e simplista de
abordar o tema, sem aprofundar motivos.
De qualquer forma é angustiante
chegar ao final da vida, sozinha, com filhos ausentes, amigos que já foram.
Independentemente do caminho que escolhemos, não deveríamos chegar ao final do mesmo
sem o conforto partir, sabendo que fomos importantes para alguém, que nos irá
recordar. Nos irá eternizar, melhor dizendo.
Mas isto sou eu a pensar e não é
disto que gostaria de falar.
Então, no programa, a certa
altura censurava-se o governo de não disponibilizar meios financeiros para
criar condições para combater este isolamento. Falou-se nos idosos que viviam e
muitas vezes faleciam sozinhos, sem que ninguém se apercebesse ou até se
preocupasse com isso, e que só passado algum tempo, por força das
circunstâncias, eram encontrados por bombeiros que à força arrombavam as
portas.
Diversas vozes se insurgiram
contra a ineficácia do governo, - Senhor Primeiro Ministro para ali e para
acolá, acusando Ministros, programas de governo e o diabo a sete. O
representante lá ia respondendo, informando os mecanismos criados para combater
esse isolamento, através da contratação de pessoas que no terreno promoviam visitas
regulares a aferir das condições físicas e habitacionais de alguns idosos
nessas circunstancias.
Mas todos nós poderemos contribuir
para minimizar esse flagelo. Então, eu vivo numa cidade grande, mais
precisamente num prédio com 11 andares, onde habitam, maioritariamente
rapaziada-de-idade-avançada. Muitos deles sozinhos, por opção ou não. Alguns
independentes e catitas outros debilitados e dependentes.
Será que se todos nós
dispuséssemos uns minutos do nosso dia a visitar ou a telefonar para o nosso
vizinho idoso não seria boa ideia? Prestar apoio, p.e. em ir às compras,
conversar um bocadinho, ou até mesmo convidar para vir a nossa casa, partilhar
do nosso convívio familiar à mesa.
Porque é que só sabemos reclamar
do Governo atitudes que nós não temos para com o nosso semelhante?
Não digo que não tenham culpas no
cartório, até porque, a maioria destes idosos têm pensões de miséria e que não
permitem contratar apoio adicional ao que a Segurança Social ou Santa Casa da
Misericórdia providenciam. Podem estar limpinhos e alimentados, mas acabam por
passar demasiadas horas sozinhos.
Da minha parte já faço isso há
muitos anos. Este convívio geracional é bastante enriquecedor, não só para nós
que proporcionamos estes momentos, como, sobretudo para os nossos filhos que
aprendem a ser solidários, pacientes e respeitadores com os mais velhos.
Não podemos ou devemos virar a
cara a situações próximas, até porque muitos de nós, com alguma falta de sorte,
irá por ela passar e o abandono em que hoje os outros se encontram poderá ser também
nosso amanhã.
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