Na minha família nunca houve a
tradição de celebrar a Páscoa. Por norma o fim de semana alargado servia sempre
para iniciar a nossa época balnear, rumo ao Algarve.
Nos meus tempos de criança a
Páscoa era uma seca monumental. Na televisão e no rádio só passavam programas
religiosos, alternados com música fúnebre. Era um horror.
Não podíamos rir, falar alto, brincar, tudo era recriminado. Não podíamos vestir roupas com cores mais alegres. A missa de domingo de ramos (acho que se chama assim) mais parecia um funeral.
A minha mãe e a minha
avó, como católicas praticantes, bem tentavam demover o meu pai, mas este não ia em cantigas. Sexta feira
pela manhã lá íamos todos felizes e contentes rumo à praia. Uma fuga para longe
do preto e do cinzento, das missas, das procissões, da falta de alegria que era
obrigatória na época.
As minhas memórias da Páscoa estão
sempre associadas à alegria, ao sol e à praia. Eram o interlúdio para as férias
grandes que não tardavam.