terça-feira, 10 de abril de 2012

Ainda sobre os divórcios

Os meus amigos M. e P. estão em processo de divórcio. Depois de 20 anos de comunhão, 3 filhos, uma casa, 2 cães e 2 gatos, resolveram, por motivos privados e não comunicados, separar-se, deixando-nos a todos estupefactos. Dez anos de namoro, vinte de casamento.

Regulamentação do poder paternal definida pelos próprios, sem percalços. Partilha de bens pacífica. Tudo muito calmo, demasiado até.

A M. ficou com a casa e a custódia dos filhos. O P. adquiriu uma casa no mesmo prédio por forma a estar junto dos filhos. Os animais foram distribuídos pelas 2 casas. Os miúdos podem alternar entre o 2º e o 5º andar sem problemas.

Tanto quanto me apercebo, as questões são resolvidas entre o ex-casal com harmonia, diálogo e bom senso.

Ontem o P. apareceu em nossa casa com os garotos, um dos cães e uma namorada a tiracolo. Sem nos comunicar nada, entrou pela casa dentro com os garotos, felizes da vida, o cão que é um amor e a namorada que podia ser filha de qualquer um de nós.

Ficamos sem palavras. Eu pessoalmente fiquei triste.

Apesar do constrangimento, os miúdos brincaram a tarde toda com a minha taliban e com a namorada que alinhou com eles.

No final do dia já todos tínhamos ultrapassado a questão. A S. passou assim a ser a mulher do P. e ponto final. Durante o jantar já éramos todos amigos, falámos das férias e dos bons momento que passamos juntos. Episódios que não tendo sido partilhados com a S., foram alegremente comentados pela própria.

Mas a minha amiga M. não me saía da cabeça. Comecei a sentir-me mal como se tivesse a cometer uma traição a esta amiga de tantos anos. E se fosse comigo, pensei. Como é possível eu estar divertida quando a minha amiga estará em casa, provavelmente sozinha. E quando ela souber que acolhemos o provável motivo desta separação vai ficar triste comigo. Comigo, que sou mulher e poderia estar no lugar dela.

 Não, não podia aguentar mais tempo. Tinha de falar com ela.

Quando saíram, liguei-lhe, expliquei a situação temendo a reacção. As palavras não saíam de forma normal, engasguei-me toda como se de alguma forma fosse culpada. Fui até ao limite de lhe dizer que se ela estivesse magoada, nunca mais os iria acolher em casa porque a nossa amizade tinha de ser preservada a todo o custo.

 (só um pequeno aviso a quem se está a divorciar, a separação não é só fodida para o casal e para a família como também para os AMIGOS que de um momento para o outro têm de fazer jogos de cintura para não melindrar ninguém. Tenham lá isso em consideração para não haver chatices e partidos a tomar)

 Resposta da amiga:

- Olha lá, que disparate é esse? Estás a fazer um filme de ficção ou quê? Não tem problema nenhum. Somos todos amigos e ela já veio a minha casa. Deixa-te de cenas!!! Olha, acabaram de chegar agora a casa. Vá, vai dormir e depois falamos.



(por momentos acho que fiquei a ouvir a música do Twilight Zone)



Comentário do Marido: Tu às vezes exageras um bocadinho, não?