Posso partilhar um pensamento? Talvez seja mais uma reflexão, enfim, vocês decidem.
Então, desde que perfiz a modica
quantia de 55 anos que finalmente algo começa a alterar. Não é menopausa, não é
flacidez nem enrugamento. Não é o cansaço nem crispação momentânea.
É desejo de mudança, como que um
primeiro balanço da vida. Sim, até agora nunca tinha feito nenhum. Passei este
tempo sem essas interrupções para validação de percurso.
Fui trilhando um caminho mais ou
menos acidentado, aceitando inevitabilidades e contornando as pedras (que às
vezes pareciam pedregulhos).
E agora a epifania, eu não posso
viver a minha vida e a vida dos outros em simultâneo (os chegados, os de casa,
os da família, os amigos).
Os que me estiverem a ler,
provavelmente irão pensar, és um bocadinho estupida, chegar a esta idade e
ainda não ter realizado isso.
Bem verdade. Vivi estes anos a
amparar, a compreender, a aturar, a ouvir. A preocupar-me com as envolvências
alheias, a gerir conflitos, a cuidar das mazelas do corpo e da alma alheios,
como se costuma dizer.
Assim sendo, o aviso impõe-se:
Não posso viver a tua vida,
Não posso resolver os teus
problemas,
Não sei onde deixaste o telemóvel
- procura!
Não sei onde estão as toalhas do
banho - procura!
Tiveste má nota – no próximo
empenha-te mais!
Afinal não era bem isso que
querias dizer, mas disseste - assume a responsabilidade das tuas palavras
Afinal deveria ter estudado para
hoje conseguir ter opções - assume a responsabilidade das tuas escolhas
Não deveria ter perdido tanto
tempo com aquela pessoa que toda a vida de magoou - o passado não o podes alterar, o futuro sim,
não te vitimizes, reage
O que farias se estivesses no meu
lugar – NÃO ESTOU NO TEU LUGAR!!!!
Não é fácil, em especial se no
meio dessas crianças-crescidas-e-dependentes, existem filhos. Mas é uma
tentativa, bastante libertadora, por sinal.
Se conseguir fazer uma filtragem
de “alto nível” dos problemas alheios, e me restringir aos mais importantes,
reduzo em 75% o nível de preocupação que me acompanha há anos.
Meu querido Roger Daltrey, como a
tua música faz sentido!!!!
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