segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Reunião do condomínio




Programa de sábado à tarde – Reunião do condomínio

Com o espírito de quem levou com um monte de merda em cima, lá fui para a reunião do condomínio do meu prédio. Fodida de todo, Não fui assistir ao sarau de natação da filha, não fui ao cinema, não fui namorar com queria, tudo programas falhados só para estar 3 horas a aturar os pintelhos dos vizinhos. E foi assim:

Há quórum ou não? Há, então podemos iniciar.
Aprovação de contas do ano passado – pacífico (deve ser por ser o primeiro ponto)
Aprovação do orçamento para 2012 – mais ou menos pacífico (ena, o pessoal está a ficar bem comportadinho, pode ser que acabe mais rápido assim, meia hora e estamos na rua, ainda vou à piscina, yes yes)
Eleição da Administração – Inqualificável. (estúpida, ainda acreditas no Pai Natal) Amigos, este é um dos momentos em que eu tenho de reunir todas as forças possíveis para não começar aos insultos, pontapés e puxões de cabeleira. Um horror digno de Hitchcock. Imaginem lá o cenário: O Presidente com voz apagada a dizer, tenham calma, tenham calma, em versão disco riscado. A vizinha do R/C versão século passado,  varina do Bulhão, só faltava a canasta para ficar compostinha. Linguagem, timbre e cheiro condizente (sem ofensa para as varinas). Dois vizinhos que aproveitam as reuniões para troca de insultos de assuntos não contemplados em agenda. Uma vizinha que adora cagar postas de pescada (mais uma portanto) sobre assuntos de que não entende nada. Outro vizinho, ilustre colega de profissão, que aproveita para utilizar palavrões como acolatar para deixar tudo sem saber o que ele quer dizer. Outro que mais parece um armário de 2 portas que afirma com convicção que se alguém lhe chama de aldrabão lhe desfaz a tromba toda. Outro que insiste em me chamar de vizinha Ana, apesar de já lhe ter dito vezes sem conta que não. Um que é vereador da Câmara, mas que de regulamentos camarários não entende nada,. A Senhora que diz que não pode exercer funções de Adminstradora porque sofre de problemas mentais e que se for necessário traz o relatório do psiquiatra e mais alguns que apesar de não serem aqui caracterizados, fazem um barulho danado.
 Por momentos vi-me na pele da Rainha Vermelha, na versão Tim Burton da Alice no Pais das Maravilhas. Seria tão bom poder gritar Cortem-lhe a Cabeça, tão bom.

 Mas nada, estava ali e ia ser a doer até ao final.


Ok, vou-me distanciar da realidade. Vou imaginar que estão todos em cuecas, todinhos… não deu resultado. Então que tal todos moribundos ou mortos, também não, fazem muito barulho. Mascarados? Foda-se. Ou digo alguma coisa ou vou-me embora.
Vou-me embora, é isso!!!
 

Meus Senhores, proferi de pé e em voz alta e de mala à tiracolo, das duas uma, ou a Assembleia decorre a partir de agora de forma civilizada de acordo com o dever de urbanidade, seguindo os pontos agendados na convocatória ou pura e simplesmente impugno esta reunião por não haver condições de permanência em segurança (não tenho a certeza se do ponto de vista jurídico isso é exequível, mas não fez mal porque produziu efeitos). Mas que disparate é este? Onde é que julgam que estão? Aqui não se vende peixe.

Depois foi o silêncio….

A assembleia não acabou, como eu esperava. Antes pelo contrário, continuou e todos se comportaram razoavelmente bem. Deixou-se o ponto das eleições para o final da reunião, uma vez que era problemático, e foi-se avançando com os outros.
Lá se designou a Administração sem grandes tumultos, bom, mais ou menos.

Confesso que até não foi tão mau como perspectivava, apesar de terem sido 3 horas intensas e longas. Acabou bem e ainda ouvi o vizinho dizer-me: Ó vizinha Ana, vou gostar de ver a Senhora como Presidente, tem pêlo na venta. Tudo fica bem quando acaba bem, até ver.