Programa de sábado à tarde – Reunião do condomínio
Com o espírito de quem levou com um monte de merda em cima, lá fui para a reunião do condomínio do meu prédio.
Há quórum ou não? Há, então podemos
iniciar.
Aprovação de contas do ano
passado – pacífico (deve ser por ser o
primeiro ponto)Aprovação do orçamento para 2012 – mais ou menos pacífico (ena, o pessoal está a ficar bem comportadinho, pode ser que acabe mais rápido assim, meia hora e estamos na rua, ainda vou à piscina, yes yes)
Eleição da Administração –
Inqualificável. (estúpida, ainda
acreditas no Pai Natal) Amigos, este é um dos momentos em que eu tenho de
reunir todas as forças possíveis para não começar aos insultos, pontapés e
puxões de cabeleira. Um horror digno de Hitchcock. Imaginem lá o cenário: O
Presidente com voz apagada a dizer, tenham calma, tenham calma, em versão disco
riscado. A vizinha do R/C versão século passado, varina do Bulhão, só
faltava a canasta para ficar compostinha. Linguagem, timbre e cheiro condizente
(sem ofensa para as varinas). Dois vizinhos que aproveitam as reuniões para
troca de insultos de assuntos não contemplados em agenda. Uma vizinha que adora
cagar postas de pescada (mais uma portanto) sobre assuntos de que não entende
nada. Outro vizinho, ilustre colega de profissão, que aproveita para utilizar
palavrões como acolatar para deixar tudo sem saber o que ele quer dizer. Outro que mais parece um armário de 2 portas que afirma
com convicção que se alguém lhe chama de aldrabão lhe desfaz a tromba toda.
Outro que insiste em me chamar de vizinha Ana, apesar de já lhe ter dito vezes
sem conta que não. Um que é vereador da Câmara, mas que de regulamentos camarários não entende nada,. A Senhora que diz que não pode exercer funções de Adminstradora porque sofre de problemas mentais e que se for necessário traz o relatório do psiquiatra e mais alguns que apesar de não serem aqui caracterizados,
fazem um barulho danado.
Ok, vou-me distanciar da realidade. Vou imaginar que estão todos em
cuecas, todinhos… não deu resultado. Então que tal todos moribundos ou mortos,
também não, fazem muito barulho. Mascarados? Foda-se. Ou digo alguma coisa ou
vou-me embora.
Vou-me embora, é isso!!!
Meus Senhores, proferi de pé e em
voz alta e de mala à tiracolo, das duas uma, ou a Assembleia decorre a partir
de agora de forma civilizada de acordo com o dever de urbanidade, seguindo os
pontos agendados na convocatória ou pura e simplesmente impugno esta reunião
por não haver condições de permanência em segurança (não tenho a certeza se do
ponto de vista jurídico isso é exequível, mas não fez mal porque produziu
efeitos). Mas que disparate é este? Onde é que julgam que estão? Aqui não se
vende peixe.
Depois foi o silêncio….
A assembleia não acabou, como eu
esperava. Antes pelo contrário, continuou e todos se comportaram razoavelmente
bem. Deixou-se o ponto das eleições para o final da reunião, uma vez que era
problemático, e foi-se avançando com os outros.
Lá se designou a Administração sem grandes tumultos, bom, mais ou menos.
Confesso que até não foi tão mau como perspectivava, apesar de terem sido 3 horas intensas e longas. Acabou bem e ainda ouvi o vizinho dizer-me: Ó vizinha Ana, vou gostar de ver a Senhora como Presidente, tem pêlo na venta. Tudo fica bem quando acaba bem, até ver.